UVAS DE COGNAC

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Uvas, o fruto das videiras, também chamadas de parreiras, há séculos abastecem as mesas e os copos em todo o mundo. Mas esses frutos não são todos iguais, variam de sabor, intensidade e espécies de acordo com as estações do ano, os equinócios, e, sobretudo, os solos onde são cultivados, a terra, para os franceses, terroir, a área de cultivo. O que ajuda ao leigo entender porque expressões como terroir, a terra em que se cultiva a uva é tão importante para determinar o tipo de bebida a qual esses frutos darão origem.

Provenientes da África, segundo historiadores e pesquisadores que asseguram ter sido o Egito a primeira região a se dedicar ao cultivo da uva, as videiras se espalharam para o mundo e encontraram na costa mediterrânea, que também banha o Egito, o território, terroir, propício para sua propagação. O bíblico fruto e o seu naturalmente alcoólico líquido se transmuta nos rituais cristãos, nas tradicionais missas católicas, no sangue de Cristo. Mas as uvas se fazem presentes também no Velho Testamento, berço das religiões judaico-cristãos, afinal foi com folhas de parreira que Adão e Eva cobriram a nudez e era com vinho que Salomão brindava as suas conquistas. O mesmo vinho servido na Páscoa e na famosa Santa Ceia de Cristo.

Uma das regiões produtoras de uvas da França é a de Cognac, que fica na região central do país e lá que nasceu o famoso Cognac, que no Brasil chamamos de conhaque. Na verdade, um brandy, uma mistura que teve sua origem na junção de três castas (como preferem os especialistas em vinhos, os enólogos) ou tipos de uvas: a Ugni Blanc, que é a principal, e as notas de corte do sabor desta com a junção da Folle Blanche e a Colombard. E, é claro, só é Cognac se for produzido nesta região. A esse brandy, isto é, à mistura de sabores, acrescentam algumas notas que podem ser resultantes da madeira, em muitos casos, o carvalho, em que o processo de maturação será feito, em outros notas cítricas ou adocicadas, provenientes de frutas ou de folhas como por exemplo o cacau, que empresta o sabor de chocolate.

Foram nessas terras de cultivo, terroir, que o irlandês Richard Hennessy começou a produzir a bebida, no século 18, a bebida que carrega seu nome e que responde por 50% do mercado do verdadeiro Cognac. A sua história merece um capítulo a parte na evolução do famoso Cognac, fruto das uvas dessa região vinícola da França.

RICHARD HENNESSY, O IRLANDÊS DEFENSOR DO REI DE FRANÇA

Richard Hennessy nasceu em 1724, em Killavullen, uma pequena vila do condado de Cork, na Irlanda. De origem católica, quando tinha 19 anos decidiu partir da Irlanda face aos avanços do protestantismo na região e partiu para Bourbon, na França, alistando-se no Regimento Clare da Brigada Irlandesa católica no Exército da França a serviço do rei Luís XV. Ao participar com valentia de uma das muitas batalhas travadas na região como a de Fontenoy,em 1745, na qual a França derrotou o Anglo-Holandês-Hanoveriano, o “Exército Pragmático”, na Guerra de Sucessão Austríaca, região que estava em disputa naquele momento. Hennessy foi condecorado, ganhou dinheiro e comprou terras de cultivo, terroir, na região de Charente, famosa por sua produção de Cognac.

O começo foi modesto, mas a ousadia de Hennessy foi grande. Como os impostos na Irlanda para bebidas eram inferiores aos da Inglaterra, passou a enviar para o país de origem, onde tinha conhecidos e familiares, o seu Cognac, que desde o início ganhou como diferencial uma garrafa inspirada na maçaneta das janelas do casarão principal de suas terras na França. O SV atrelado ao nome de Cognac Hennessy, era a indicação clara de que se tratava de um produto Very Superior, isto é, verdadeiramente superior para agradar os paladares britânicos. Sua garrafa hoje é um ícone do mercado de bebidas.

O precioso líquido foi exportado pela primeira vez para os Estados Unidos em 1794, quando aquele país acabara de se tornar independente do Reino Unido em 1776. Se já tinha conquistado o mercado britânico com essas vendas, Hennessy praticamente tornou-se sinônimo de cognac. Para celebrar os 250 anos de sua trajetória de sucesso, a marca contou em filme essa expansão que a leve a ter em seu poder 50% das vendas anuais da bebida. O filme passeia pela mansão campestre de Hennessy, onde esta história de empreendedorismo teve início.

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